O Ponto de Ônibus
Local do Ponto
do ônibus, em 15/01/14.
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO –
2 – MOTIVAÇÃO –
3 – TRABALHO REALIZADO –
4 – CONFLITOS DO TRABALHO –
5 – CONSEQUÊNCIAS DOS CONFLITOS –
6 – CONCLUSÕES –
7 – BIBLIOGRAFIA –
Fig.
1 - Solicitação em 14/01/14
1 – INTRODUÇÃO
Foi
dado o início ao processo de solicitação formal à Prefeitura de Maceió para
edificação do ponto de ônibus da Av. S. Rita, no Bairro do Farol, Maceió/AL, em
14/01/14, conforme consta na Fig. 1, no início desse texto.
É interessante
pesquisar as prováveis razões que determinaram o desenrolar de prejuízos para a
sociedade nesse episódio, sobretudo os vetores de força existentes ao longo do
processo:
A) O conjunto de pessoas a
favor da colocação do ponto de ônibus.
Pode-se
contar como parte desse conjunto os usuários do transporte coletivo e os que
adquiriram uma consciência que pugna pela sustentabilidade do planeta como tal.
Muitos trabalhos acadêmicos já constataram que o uso intensivo do automóvel já
tem os seus dias contados, por isso os mais informados sabem que as nações mais
desenvolvidas incentivam ao máximo o uso da bicicleta. Nesses países, obras
como viadutos e túneis são construídas exclusivamente para o trânsito de
bicicletas.
Fazem
parte também os moradores do local que anseiam pela colocação desse ponto de
ônibus, pois são constrangidos até no momento da entrada nos seus lares, uma
vez que os fatigados passageiros, devido à longa e angustiante espera pela
chegada do coletivo, procuram se abrigar nas portas das casas. Esse fato é
sempre minimizado porque é sempre um número pequeno de prejudicados, que são os
que residem muito próximos da parada do ônibus, como se o mandamento mais
importante da Lei de Deus não advertisse: “Amar ao próximo como a si mesmo”. Já
houve casos de moradores desistirem de enfeitar suas calçadas com plantas
ornamentais, pois a população do ponto do ônibus sempre destruía as plantas e
os canteiros ao procurar um local para descansar.
Com
relação ao item 4 da Fig. 1, também acredita-se que os condutores de veículos,
no momento em que se encontram obstruídos pelo ônibus estacionado no trecho
estreito da Av. S. Rita, sejam totalmente a favor de uma parada de ônibus
devidamente bem localizada, de modo que o coletivo não obstrua totalmente a via
pública.
B) O conjunto de pessoas
momentaneamente contra a colocação do ponto de ônibus.
Entre
os componentes desse grupo podem-se destacar obviamente os guardadores de
veículos da Avenida. Pode-se alegar que esse tipo de atividade é benéfico
porque supre uma renda e uma ocupação para quem poderia estar praticando
delitos. Contudo trata-se de um subemprego e a garantia de que eles estariam
ocupados com o trabalho pode ser pura ilusão, já que ficam a maior parte do
tempo ociosos. A evidente prática de delitos está comprovada até nesse
episódio, pois uma moradora sofreu ameaças constantes a ponto de ter preferido
se mudar a ter que enfrentar as agressões, tendo sua residência sido depredada,
e sua genitora ter sofrido risco de morte ao ver uma gigantesca pedra cair no
local em que ela se encontrava, no interior de sua residência. Além do mais, o
que a marginalidade mais precisa é de um local que possa tranquilamente
utilizar como ponto de observação para sugar suas presas. Em segundo plano,
pode-se supor que alguns comerciantes necessitam de espaço para alojar os
veículos de seus clientes e esses marginais são naturalmente seus aliados. Em
terceiro plano vêm algumas autoridades, que comungam dos ideais filantrópicos
dessas pessoas que defendem o subemprego e permitem abertamente a prática da
contravenção, ao se omitirem de tomar providências quanto ao estacionamento
prejudicial sobre as calçadas. A tese defendida aqui pode ser comprovada ao se
verificar veículos estacionados junto ao ponto do ônibus, dificultando em muito
o trânsito dos pedestres no passeio público, a chegada do coletivo no ponto, e
a presença dos usuários na parada oficial do ônibus.
A
Fig. 2, que testemunha a época do atendimento do nosso pedido, já realça parte
do que foi descrito nessas linhas anteriores.
Fig.
2 - Colocação do ponto pela SMTT, em janeiro de 2016.
2 – MOTIVAÇÃO
Sabe-se
dos prejuízos causados aos cidadãos quando a convivência entre eles ocorre numa
sociedade fissurada. Aplica-se essa definição para a sociedade em que seus
componentes não se comunicam, não interagem, e por isso não podem se defender
quando prejudicados por um setor da sociedade que se organiza e detêm um tipo
qualquer de poder. Podemos exemplificar o que já ocorria na Alemanha, muito
antes do uso do celular ou da Internet. Muitos consumidores se sentiram lesados
por uma grande empresa que fabricava máquinas de costura. Eles se comunicaram e
assumiram o compromisso de não mais adquirir produtos daquela empresa, além de
planejar uma grande campanha para conseguir adesão, mesmo dos que ainda não
tinham sido prejudicados. Assim que a empresa soube do movimento, procurou
imediatamente todos os prejudicados para reparar os danos causados.
Portanto
esse texto tem a finalidade de conscientizar os cidadãos de sua força latente e
que pode ser utilizada, desde que se organizem para uma ação bem planejada. As
Bibliografias 7.1 e 7.2 reforçam esse ponto de vista.
3 – TRABALHO REALIZADO
O
pedido foi alicerçado no abaixo assinado de sete moradores do logradouro,
representando um pleito que se supõe ser o desejo unânime de todos os moradores
e, principalmente, dos usuários do transporte coletivo naquela importante
artéria da Capital. Foi escolhido um ponto de ônibus próximo daquele local para
servir de padrão, o qual se ajusta plenamente às dimensões do local do pleito e
preenche as demandas descritas nos itens de 1 a 4 da Fig. 1. Todo esse esforço,
por parte dos solicitantes, visava a despertar o interesse das autoridades e
demonstrar a urgência desse tipo de solicitação.
Como
isso não ocorreu por parte dos técnicos da SMTT no momento em que devia ter sido
providenciada a colocação do ponto de ônibus, o trabalho continuou com novos
requerimentos e telefonemas para esse Órgão da Prefeitura de Maceió.
A Fig.
3 trata de um panfleto
destinado a informar aos usuários do transporte coletivo o andamento do
trabalho, ao mesmo tempo em que convoca a todos para efetuarem ligações para a
SMTT. De acordo com esse panfleto, o responsável pelos pontos de ônibus na SMTT
declara que é muito difícil a obtenção de uma placa indicativa do ponto do
ônibus. Em decorrência disso, protocolamos outro requerimento no Gabinete do
Prefeito, em 08/07/14, em que oferecemos a colocação de uma placa sem custo
para a SMTT, com um conteúdo semelhante ao que mostramos na Fig. 4. Não obtivemos resposta.
A
luta teve o seu seguimento e uma cidadã voltou a ligar para a SMTT no final do
ano de 2015. Dessa vez quem atendeu foi uma pessoa que se mostrou sensibilizada
pela aflição dos que aguardam a chegada do ônibus e pela angústia dos moradores
daquele logradouro. Ela achou um absurdo essa exagerada demora em atender uma
coisa tão simples e de tão grande utilidade e prometeu muito em breve colocar o
ponto no devido lugar.
No
dia 08/01/16, pudemos fotografar o ponto já residindo na Av. S. Rita (Ver Fig.
2). Essa figura
comprova a cultura do automóvel, que não respeita as calçadas para uso dos
pedestres, nem as distâncias regulamentares que devem ser mantidas para
estacionamento de veículos nas proximidades de um ponto de ônibus.
4 – CONFLITOS DO TRABALHO
Quem
mais sofreu foi a moradora que teve que se mudar. Ela reclamou várias vezes
devido ao estacionamento de veículos em frente à entrada de sua garagem e sobre
a calçada. Um funcionário da SMTT esteve no local e declarou que o local não
era caracterizado como calçada. O resultado foi ela passar a ser “difamada” por
atrair multas para os veículos ali estacionados. Veículos com som fortíssimo
passaram a estacionar na frente da casa durante a noite e outros métodos de
tortura semelhantes foram aplicados.
5 – CONSEQUÊNCIAS DOS CONFLITOS
A
principal consequência é o descrédito da população na correta aplicação do
dinheiro pago pelos impostos e principalmente da justa aplicação das leis. Isso
causa o desânimo e a proliferação de um sentimento de impotência total no
conjunto dos cidadãos prejudicados.
6 – CONCLUSÕES
6.1)
Percebe-se que a cultura que impõe o acomodamento diante das violências e
injustiças causadas ao cidadão é retratada até nos pequenos detalhes, como é o
caso dos funcionários da Prefeitura que varrem a Av. S. Rita, e recolhem o lixo
que foi gentilmente ali depositado (Ver Fig. 5). Falamos com um desses funcionários e
constatamos um sorriso de prazer e de alegria quando ele acabou de ouvir a
nossa argumentação: “O Senhor bem poderia estar plantando tomates, ao invés de
estar limpando o que foi feito como um ato de contravenção”. Sabe-se que nos
países desenvolvidos, as multas aplicadas a quem pratica esse tipo de delito
são significativas. Explicamos também a ele que o salário dele é pago pelo
imposto pago por todos, porém nem todos tem esse tipo de serviço na rua onde
moram. Recentemente, flagramos um morador se rebelando contra o estacionamento
de veículos delituoso junto ao ponto de ônibus na Av. S. Rita (Ver Fig. 6).
Fig.
5 – Varredor de rua na Av. S. Rita.
6.2)
Um exemplo do ajustamento da população ao infortúnio é mostrado na Fig. 7: todos unidos ao longo da
sombra projetada pelo poste da Eletrobrás forçando uma adaptação para a falta
de uma cobertura no ponto de ônibus, que se encontra a alguns metros à
esquerda, na Av. S. Rita.
Fig.
7 – Todos em pé e unidos na sombra do poste, sem reclamar, na Av. S. Rita.
6.3)
Caso haja pessoas que concordem, iremos iniciar um abaixo assinado para
solicitar ao Sr. Prefeito uma cobertura e assentos para o ponto de ônibus
existente na Av. S. Rita, Farol, Maceió/AL. Essa conclusão era de se esperar,
pois o presente texto demonstra que há um interesse em incentivar a esperança
nas pessoas, a todo custo, usando as ferramentas que estão ao nosso alcance,
que é a manutenção da história, tornando-a viva para que não venhamos a repetir
os mesmos equívocos. As duas sugestões de leitura dos livros relacionados
abaixo, ilustram esse nosso ponto de vista:
O
HORROR ECONÔMICO
Forrester,
Viviane; tradução Álvaro Lorencini, São Paulo: Editora da Universidade Estadual
Paulista, 1997.
Título original: L’horreur
économique.
O povo não deve sentir a verdade da usurpação: ela foi um dia
introduzida sem razão e tornou-se razoável; é preciso fazer que ela seja vista
como autêntica, eterna, e esconder o seu começo se não quisermos que logo tenha
fim.
Pascal,
Pensamentos
A OPÇÃO BRASILEIRA
Benjamin,
César et al. Rio de Janeiro: Contraponto Editora Ltda, 1998.
Criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente
descobertas originais; significa também, e sobretudo, difundir criticamente
verdades já descobertas, socializá-las por assim dizer; transformá-las portanto
em base de ações vitais, em elemento de coordenação e de ordem intelectual e
moral. O fato de que uma multidão de pessoas seja levada a pensar coerentemente
e de maneira unitária a realidade presente é um fato “filosófico” bem mais
importante e original do que a descoberta, por parte de um gênio, de uma nova
verdade que permaneça como patrimônio de pequenos grupos intelectuais.
Antônio
Gramsci, Concepção dialética da história
Estas
duas leituras são recomendadas porque a primeira nos coloca no cerne da
problemática atual da sociedade, e a segunda nos mostra uma possibilidade de
encaminhamento de uma solução aplicada ao problema brasileiro.
7 – BIBLIOGRAFIA
7.1 – Rua Triunfo, Capítulos de I a V, Postagem de
janeiro de 2014 no site www.repolitica.blogspot.com.
7.2 – Água de Oswaldo Cruz, Postagem de março de
2015 no site www.coisasdopeixoto.blogspot.com.
7.3 – O Ponto de Ônibus – Postagem de março de 2017 no site
www.coisasdopeixoto.blogspot.com.
Sr Francisco, parabéns pelo blog, ele é um manifesto útil de grande valor social.
ResponderExcluirÉ lamentável que ainda se precise reivindicar uma simples coberta de ônibus... Espero que a Prefeitura de Maceió / SMTT resolva essa situação.
Atc,
Ciria Ferro