terça-feira, 21 de abril de 2020

Sobre o Covid-19




Sobre o Covid-19
João Galillei

         O covid-19 é um vírus que vem promovendo uma verdadeira revolução na economia e nos hábitos de quase todos os países do mundo. Por ser invisível, de grande poder destruidor e de fácil contágio, os governantes tiveram que impor diversas restrições ao povo, acarretando efeitos como poderemos considerar a seguir.

         1) Depois que o episódio foi considerado uma pandemia, o número dos infectados atingiu mais de 2.000.000, o número de mortos foi de mais de 150.000, em 18/04/20, em todo o mundo. Alguns países como a Itália, Espanha, USA, U.K. e França subestimaram a letalidade do vírus, retardando as medidas de isolamento, pagando um alto preço por isso. As pessoas jovens ou saudáveis resistem bem, mas os considerados de grupos de risco (Idosos e portadores de doenças crônicas) sentem uma falta de ar que se assemelha uma pessoa morrendo por afogamento, e rapidamente vão a óbito. Nos EUA chegou-se a mais de 2.000 mortes por dia. Isso causa um colapso nos sistemas de saúde, agravando mais ainda a situação.

         2) Apesar da tragédia descrita sumariamente no ítem 1, o vírus permitiu a exposição de falhas no planejamento social, que de outra maneira continuariam obscurecidas. Por exemplo, a falta de planejamento familiar, com o consequente controle da natalidade, permitiu o aumento da pobreza, e consequentemente, dos enormes bolsões de aglomerações humanas improvisadas em todas as cidades. Com a pandemia, verificou-se a grande dificuldade de prover atendimento médico, apetrechos de proteção e isolamento para toda essa multidão de sub-humanos.

      3) num primeiro instante, todos ficaram admirados com o comportamento democrático do vírus, completamente contrário à lei brasileira caracterizada pelo ditado: “Sabe com quem está falando?” A prova disso é que ele não respeitou sequer o Primeiro Ministro britânico. Isso ensejou aflorar um profundo sentimento de solidariedade entre a população e um crescente respeito ao poder do vírus.

         4) Não se poderia imaginar que iríamos experimentar ruas desertas, comércio e igrejas fechados, sem discriminações, desde cidades brasileiras até cidades famosas como Roma, New York, Paris etc. Estradas com poucos veículos e aeroportos quase paralisados. Isso tudo levou à incrível crise na produção e comercialização do petróleo, a ponto de empresas pagarem para se livrarem do seu estoque de petróleo. A diminuição da poluição no mundo diminuiu consideravelmente, segundo os meios de comunicação, e que percebemos também em nossa cidade, Maceió, que até as chuvas, relâmpagos e trovões reapareceram nesses meses de fevereiro e março de 2020.

         5) Tabus sagrados, impossível de se discutir, como a discriminação das mulheres, o controle da natalidade, maioridade penal para 16 anos, a distribuição de renda, origem dos preceitos religiosos, consequências da radioatividade, sistemas políticos etc poderão ter os dias contados após a vigência da pandemia, pelo menos assim espero.
         A renda de um cidadão, por exemplo, pode advir de uma infinidade de ações, entre elas a que resulta de votações nos parlamentos. Esse processo de estabelecimento dos salários é o que mais agrava as injustiças no Brasil e impossibilita o bem estar social, senão vejamos: 

            5.1) O poder das instituições democráticas é garantido pela constituição, de modo que qualquer censura a este poder é logo alardeada como antidemocrática. Porém, há quem diga que a própria constituição foi elaborada por um poder (Assenbléia Constituinte) dependente das instituições pré-existentes, ou seja, não se partiu do zero. Assim, os governantes eram eleitos, mas sem direito à remuneração. Aos poucos, isso foi se transformando, a ponto da classe política e seus servidores atingirem aposentadorias com salário médio de R$ 28.000,00. Para não haver reclamações, eles aprovaram os salários dos serventuários da “Justiça” a ponto das aposentadorias ficarem na média de R$ 33.000,00. Para completar, a Constituição oferece a todos, como obrigação do Estado, logo, do Presidente da República, segurança, saúde, educação, moradia e emprego, sem necessidade de demonstrar como isto pode ocorrer, ou seja, com quais recursos. Resta dizer que a não obediência à essa exigência da Constituição nunca deixou ruas desertas por várias semanas, mas o poderoso vírus exigiu e conseguiu isso.

Maceió, 21/04/20